domingo, 3 de maio de 2020

Do estado de Emergência ao Estado de Calamidade...Ou as mudanças a que o "bicho" obrigou!!!

"Um dia tudo será excelente, eis a nossa esperança; hoje tudo corre pelo melhor, eis a nossa ilusão."
           Voltaire

Quando no dia 13 de Março (por coincidência ou não, era sexta-feira) tomei a decisão de não deixar a B. ir às aulas fazendo-a permanecer em casa, estava consciente de que se aproximavam dias negros e difíceis! Porém, longe de imaginar que essa seria a nossa realidade a qual se iria prolongar por 45 dias!!!
Em meados de Março a Organização Mundial de Saúde (OMS) havia qualificado a situação atual no mundo de emergência de saúde pública ocasionada pela epidemia da doença COVID-19, tornando-se imperiosa a previsão de medidas para assegurar o tratamento da mesma, através de um regime adequado a esta realidade. 
Mas afinal o que causou todas estas mudanças???
Um Virús!!! Um minúsculo, microscópico e mortal virús...
COVID-19 é o nome, atribuído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) à doença provocada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, que pode causar infeção respiratória grave como a pneumonia. Este vírus foi identificado pela primeira vez em humanos, no final de 2019 na China.
A OMS atribuiu o nome, COVID-19, é o nome da doença que resulta das palavras “Corona”, “rus” e “Doença” com indicação do ano em que surgiu (2019).

Desde que soubemos que havia um caso em Portugal e devido às informações que tínhamos obtido através de amigos sobre a situação em Macau e da necessidade de ficarmos em casa em isolamento, começamos a preparar-nos de um modo progressivo e sem alarido. 
Na semana de 9 de Março a B. deixou de utilizar os transportes públicos passando a ser eu e o pai a assegurarmos as suas idas e vindas do Colégio. Durante essa semana comecei a fazer compras para a eventualidade de termos de ficar uma quinzena sem sair de casa.  Na quinta-feira comecei a receber sms de amigos a informar que já havia colégios fechados no Porto, que haviam muitos mais casos e miúdos infetados em várias Escolas e à noite decidimos que a B. já não iria ao Colégio no dia seguinte.
Durante esse fds passei várias horas a seguir as notícias e já se previa oficialmente o encerramento das Escolas, situação que viria a acontecer no dia 16 de Março.

Foi o primeiro fim-de-semana de isolamento voluntário. Um fim-de-semana cheio de simbolismo, com a 1ª homenagem aos técnicos de saúde sob a forma de aplausos, pinturas de arco-íris e mensagens de esperança... E em poucos dias a nossa realidade mudou!!!

 No dia 18 de Março após várias reuniões o Primeiro-Ministro, António Costa deu uma conferência de imprensa onde afirmou que a reunião do Conselho de Ministros «concentrou-se exclusivamente na elaboração de um decreto de regulamentação das limitações dos direitos de deslocação e da liberdade de iniciativa económica», na sequência da entrada em vigor do estado de emergência. 

No dia 18 de março de 2020 foi decretado o estado de emergência em Portugal, através do Decreto do Presidente da República n.º 14-A/2020, de 18 de março. Foi um dia histórico. Pela primeira vez após o 25 de Abril de 1974 foi tomada esta medida excecional. E seguiram-se ainda mais duas renovações desse estado. No total o nosso País esteve durante 45 dias em Estado de emergência (até ao dia de hoje!).

Como ficava patente no Decreto Presidencial "A situação excecional que se vive e a proliferação de casos registados de contágio de COVID-19 exige a aplicação de medidas extraordinárias e de caráter urgente de restrição de direitos e liberdades, em especial no que respeita aos direitos de circulação e às liberdades económicas, em articulação com as autoridades europeias, com vista a prevenir a transmissão do vírus." 
E dessa forma as cidades e o país fecharam-se, as pessoas recolheram-se, as fronteiras foram encerradas, os voos cancelados...a maioria das empresas entrou em lay-of, só o comércio ligado à alimentação se manteve a funcionar. O ensino passou a ser a distância, os serviços públicos também só faziam atendimento via internet, e nós cidadãos ficámos obrigados ao dever geral de recolhimento domiciliário, devendo a todo o custo evitar deslocações para fora do domicílio para além das necessárias. 
Mas mesmo assim o vírus continua imparável. É o tempo de Pandemia. Os dados de hoje atestam que no mundo já há mais de 3,3 milhões de pessoas infetadas e que o número de mortos já ultrapassa os 235 mil.
Na Europa durante semanas sofremos com os Italianos, os Espanhóis, os Franceses e os Ingleses. Mas, confesso, as minhas lágrimas correram pelos italianos. Um povo que admiro, um país que amo e do qual tenho as melhores recordações...Itália foi o primeiro país europeu a decretar que todos ficassem em casa, durante várias semanas os números de infetados e de mortos não parou de aumentar. Tiveram ajuda da china, de Cuba, por fim da Alemanha. Os italianos deram uma vez mais o exemplo e puseram-se à varanda a cantar, ora "andrá tutto benne" ora nos brindavam com belíssimas àreas de ópera, ora com espontâneos atos de solidariedade. O Papa Francisco protagonizou  vários momentos emotivos orando pela humanidade e concedeu mesmo uma benção extraordinária Urbi et Orbi numa Praça de S. Pedro deserta e chuvosa...

Em Portugal felizmente os números não chegaram às piores expetativas. Há mais de 25 mil infetados e cerca de mil mortes a registar.

Esta noite termina o Estado de emergência e passamos para o Estado de Calamidade. Amanhã abrirá o comércio de rua...Tentamos salvar a economia, espero que consigamos retomar alguma normalidade...Daqui em diante será a responsabilidade cívica a ser avaliada...Espero que continuemos cientes do perigo que continuamos a correr e que saibamos agir em conformidade...só assim, venceremos este maldito bicho e poderemos voltar a celebrar juntos!
 

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