sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Raparigas bravas na Confraria Vermelha!

"Casca o coração, quando se conhece, que contém e protege o embrião de luz. E então anseia, já livre de temor, desentranhar-se e desentranhar, perder-se, ir-se perdendo até se identificar no centro sem fim."
Maria Zambrano, A metáfora do Coração.
Já me tinham chegado ecos desta livraria! Desde o Verão que em conversa com a minha amiga Maria Rouco, que volta e meia a confraria vermelha vinha à baila. Andava cheia de vontade de fazer uma visita. E, esta manhã a Maria Rouco cedeu-me o convite por email. Fiquei logo inquieta, que é o mesmo que dizer, "mortinha por ir". O convite era bem aliciante e desafiante. Vejamos: "convido-te para a Mala HerStory: raparigas bravas. (...) Desafio-te a pensares em mais duas raparigas bravas para te acompanhar, uma em jeito de livro outra em jeito de fotografia" Eia! Um desafio bem do meu agrado! Aparentemente fácil de resolver!
E lá fui até à Rua dos Bragas, até à Confraria vermelha, a livraria feminina do Porto.
( pode encontrar toda a informação sobre esta livraria aqui https://livrariaconfrariavermelha.wordpress.com/ )
Com as minhas amigas bravas entrei cheia de curiosidade de conhecer a Aida Suárez  ( a tal livreira, dislexica e bilinguisticamente baralhada) a mulher brava que teve a coragem de construir este projecto.
Bem, não imaginava este quarto próprio  tão intensamente cativante e familiar. Estranho ver tantas palavras escritas, tantas mulheres lidas....tudo ali reunido: ensaio, fantástico, poesia, romances....nas palavras de Zambrano " letras de luz, mistérios acesos, profecias como todo o revelado que se dá a ver".

Senti-me de imediato em casa, no mundo dos meus livros mas surpresa porque cada um surgia inesperadamente de um qualquer recanto que apelava à descoberta.
 E ali estava subitamente, a madrinha da confraria, Virgínia Woolf. A lembrar-me que a descobri forçadamente, que no início não me seduzia e que aprendi a amá-la de tal forma que a estudei e a citei na minha tese. Eheheh
E mais um recanto a lembrar outras mulheres...

Entretanto, chegaram outras mulheres bravas e começou a tertúlia de um modo tão desprendido e espontâneo que cada uma que era apresentada só nos aproximava mais e a mim, em particular, fazia-me logo amarrar aquelas mulheres como se já as conhecesse há muito...


Seis leitoras apaixonadas por seis mulheres bravas incríveis: Maria Teresa Horta, Maria Zambrano, Ana Haterly, Alexandra Lucas Coelho e Harper Lee. Claro que a nossa livreira Aida não conseguiu eleger uma só mulher brava e ofereceu-nos uma cesta cheia delas....eheheh, nada que não fosse de esperar!
O mote tinha sido bem dado...


E ali estivemos a partilhar leituras, a tratar as autoras por tu, a desvendar-lhes as entranhas e a mostrar cada perspectiva. Soltamos palavras, neste caso, palavras com asas, palavras voadoras que abriram portas de comunicação.
A minha escolhida estava bem acompanhada! Decidi trazer à luz um pouco da filósofa andaluz Maria Zambrano e, parece que esta mulher esteve por momentos ali, a lembrar a importância do coração, do sentir, da poesia....julgo que a Aida conseguiu mesmo mediar um momento de comunhão entre leitoras, e assim, encarnou-se e vivenciou-se a expressão: juntas fazemos acontecer. O momento de partilha e de criação conjunta aconteceu!
Bem-haja Aida por este projecto, pela mala das mulheres bravas, pelo final de tarde no feminino.
Ah, resta-me dizer que a fotografia que deixei na livraria foi a da minha amiga Maria Rouco. E que espero que alguma leitora abrace as palavras da Zambrano que deixei na biblioteca da livraria.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Viagem a Ourense na rota das termas!

Um dos projectos para início de 2017 era voltarmos às termas de Ourense!
Desde que há três anos ficamos em Cortegada para a passagem de ano e descobrimos as termas do Prexiguero fazemos questão de pelo menos uma vez a cada ano voltarmos para esta experiência termal.
Este fim-de-semana aproveitámos o regresso do sol e lá fomos nós!
Começámos pela estância termal de Outariz.
Esta é uma das muitas estâncias que ficam na zona urbana de Ourense, nas margens do rio Minho divididas por três áreas distintas. Uma zona inteiramente grátis onde se pode desfrutar das piscinas de Outariz e da burga de Canedo.

Uma zona ajardinada logo ao descermos da ponte pedonal e onde se pode comtemplar o rio enquanto se toma um relaxante banho.  Para termos mais comodidade e um circuito completo decidimos mesmo fazer a incursão na parte paga. Mas convenhamos, o preço é quase insignificante (5.5€/ adulto) atendendo às possibilidades: dois circuitos termais compostos por 11 termas exteriores, 3 piscinas interiores e sauna e jacuzzi. Tudo isto durante 2h. É uma bênção para corpo e alma.

Claro que um paraíso a preço de saldos tinha de ter algum senão!!!! Não somos os únicos a gostar destes mimos, por isso a longa fila de espera obrigou-nos a uma pausa forçada de uma hora na esplanada da cafetaria.eheheh.....
Foi a forma de desfrutarmos desta experiência de modo inédito, modo nocturno com direito a céu estrelado. Mais, é difícil de desejar...
Primeiro, o circuito Celta com aguas quentes mas em movimento, jactos e túneis de água borbulhantes seguidos dos respectivos choques térmicos em tanques de água fria, não só melhora a circulação  como combate o stress. Diga-se que este circuito é mais divertido para as crianças devido à dinâmica que nos faz mesmo lembrar as civilizações celtas. Mas, eu sou mais da onda zen....eheheh. Claro que me demorei muito mais no circuito zen, totalmente de inspiração japonesa, com piscinas de madeira pontuadas por grandes pedras lisas e ovais, águas muito mais quentes (60 graus) e inteiramente relaxantes. Só vos posso dizer, que se pudesse submergir todos os fins-de-semana nestes banhos, a minha vida seria perfeita! ☺😀😃😄
120 minutos mais tarde saímos com uma leveza e enorme sensação de bem-estar, crentes de que todas as propriedades anunciadas fizeram em nós o efeito desejado! Só o estômago é que não relaxou o suficiente! Saímos os três esfaimados! Nada que não resolvessemos no centro de ourense numa fabulosa churrascaria. Recomendo Churrascaria Peregrinus, com boas carnes na grelha, polvo à galega e uma boa degustação de vinhos da região. Nós não nos coibimos de beber um ribeiro branco e de provarmos os licores da região.


Depois deste longo dia só mesmo uma noite de sono bem tranquilo nos esperava.
E o Domingo amanheceu ensolarado e ameno, a chamar a primavera.
Rumámos a Ribadavia, ao "local do crime", Termas do Prexigueiro, que é o mesmo que dizer às termas que descobrimos por acaso em passeio com os nossos companheiros das passagens de ano.
Não sei se é porque foram as nossas primeiras termas, mas são as minhas preferidas. São mais pequenas mas o seu enquadramento em pleno parque florestal dá-lhes o toque zen e um certo misticismo.
Estas termas são inspiradas num caminho de peregrinação japonês " kumano kodo" e cada piscina do circuito tem o nome de um templo xintoista.
Foi uma manhã bem relaxante a contemplar a beleza das mimosas.
Saímos radiantes deste intensivo fim-de-semana termal e já estamos a planear novo regresso!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Rua do Bonjardim com paragem n' O Pretinho do Japão!

Depois de uns dias intensos de chuva, ver o sol foi como despertar de uma longa letargia. Apeteceu-me logo sair e caminhar cidade fora.... Tinha umas coisas para comprar na baixa e por isso pareceu-me uma óptima ideia ir até à rua do Bonjardim. Tenho andado curiosa para conhecer um certo sitio!!!
Logo no início da rua (por acaso até julgo que é quase o fim!), começando pelo cruzamento com a rua Formosa encontra-se a casa Januário, uma mercearia das mais antigas do Porto, existe desde 1926, e onde gosto de ir comprar os produtos para a decoração dos bolos e cupcakes que aqui em casa são presença obrigatória nos aniversários e festas. Têm sempre bases descartáveis e pastas de açúcar em todas as cores, e como se aproxima o dia de S. Valemtim comprei uns produtos bem giros.
Continuando a subir a rua há uma outra loja onde se encontra tudo o que possamos imaginar para casa, desde utensílios a eletrodomésticos - é a casa César Castro.
Compras feitas, continuo a subir, apreciando esta rua tão pitoresca e que concilia bastante bem o mais tradicional e típico com o moderno e renovado comércio que aprendeu rapidamente a virar-se para o turismo.
Um bom exemplo é precisamente o Pretinho do Japão!
Uma amiga disse-me há pouco tempo que esta mercearia tem uma esplanada bem engraçada e que serve refeições. Ora, fiquei logo curiosa! Tinha mesmo de vir explorar esta novidade...
Fiquei logo encantada ao entrar nesta mercearia e ao ver um dos funcionários a partir bacalhau a uma cliente numa conversa corrida sobre a sua qualidade. Atravessei toda a mercearia devagar, para não me escapar nenhum pormenor desta loja bem decorada com alguns móveis estilo art deco e algumas relíquias a pontear cada espaço.
Parece que a nova gerência que há uns dois anos restaurou e ampliou a mercearia fez uma boa aposta. Agora há aqui um espaço para vinhos e conservas numa escolha em que a relação preço/ qualidade é bastante equilibrada. 
Mas a minha visita tinha como objectivo a esplanada!
E parece que sabiam da minha chegada! 😊eheheh que arrojada forma de receber os clientes!!!!
Claro que não sairam defraudadas as minhas expectativas. Este antigo logradouro entre prédios tornou-se num agradável jardim, muito acolhedor e convidativo a uma pausa relaxante em plena baixa. Muito calmo e com um serviço bem caseiro. Apetece ficar aqui a receber os raios de sol e a saborear esta quietação.
Que belo sítio para parar no meio do bulício da baixa portuense. E de volta à mercearia não consegui ficar indiferente aos frutos secos transmontanos e aos cafés a peso moídos na hora...hum! Fiquei fã do Pretinho do Japão.


sábado, 4 de fevereiro de 2017

Robalo ao sal em dia de temporal!

A chuva está para mim como o Trump para uma grande parte dos americanos (e não só!), não gosto mas tenho de aceitar.  Aliás, estou a ser generosa, porque detesto mesmo chuva! Reconheço a sua necessidade e aceito os fenómenos naturais, mas não gosto!
E com este tempo chuvoso, húmido e cinzento no Porto, há que aproveitar o tempo em casa da melhor forma. Tenho aproveitado estes dias para colocar as leituras em dia, mas também para cozinhar.
Ontem decidi fazer um belo robalo ao sal!

Depois dos exageros da quadra natalícia voltamos à alimentação saudável aqui em casa. Está tudo de quarentena verde.....a B. diz que voltamos à fase vegan! Mas não é bem assim, porque não abdico do peixe, ovos e carnes brancas. Mas estamos de relações cortadas com os hidratos de carbono e com os açúcares!!!!
Ontem, peguei num belo robalo ( amanhado com escamas, para o sal não entrar!) e enchi-lhe a barriga com um belo ramo de cheiros e umas rodelas de limão.

De seguida juntei ao sal, alecrim, tomilho e uma clara de ovo e escondi o peixe nessa mistura para o levar ao forno.
Enquanto o peixe assava, fui preparando uns legumes para cozer: brócolos, couve-flor e cenouras. Que em seguida foram a gratinar com molho de iogurte grego com queijo tipo philadelfia e polvilhado com mozarella.
Ao fim de uns 30 minutos tinha um jantar bem saboroso e saudável para dar início ao fim-de-semana!

Belo jantar! !!! Já que a chuva teima em ficar, nós também teimamos em tirar o melhor partido desta situação!
Agora deixo-vos a receita para experimentarem caso queiram:
Ingredientes 
- 1 robalo grande ( 1 kilo)
- 1 ramo de cheiros ( alecrim, tomilho, hortelã, coentros)
- 1 limão  ( às rodelas)
- 1 kilo de sal
- legumes: brócolos, couve-flor e cenoura
- 1 iogurte grego natural
- 2 colheres de sopa de creme de queijo 
- queijo ralado mozarella q.b.