terça-feira, 30 de maio de 2017

A descoberta do Museu do Centro Hospitalar do Porto!

Eu sei que ultimamente não tenho escrito muito! Pelo menos não no blog...enfim! Muitos afazeres pelo meio e alguma ta de tempo para organizar fotos e fazer pesquisa...mas não pensem que deixei de fazer coisas e de visitar sítios giros e inusitados...eheheheh Agora colocar ordem na casa vai requerer esforço mnemónico redobrado.
Vamos ao que interessa! Hoje quero falar-vos de uma visita feita aqui "há atrasado" como se diz à moda do Porto...Museu do Centro Hospitalar do Porto ou para ser mais precisa Botica do Hospital Real de Santo António e Farmácia do Hospital Joaquim Urbano.
Ora, pela foto desta fachada tão sobejamente conhecida dos portuenses é fácil perceber que este museu fica no interior do Hospital de Santo António. Menos visível será a sua existência, dado que é um dos museus mais recentes da cidade tendo sido inaugurado em 2013 com o objectivo de evocar e expor práticas e técnicas de intervenção das ciências da saúde que atravessaram os séculos XIX e XX.

 
 
Fixemo-nos primeiramente na própria história do Hospital de Santo António. Foi projectado pelo Arquitecto Inglês John Carr como um verdadeiro colosso de forma quadrangular que, não foi, contudo concluído conforme a planta original, por falta de meios e verbas. Poderão ver as plantas originais no site do CHP http://www.museu.chporto.pt/
Deveria ser o primeiro hospital do Porto para os Pobres. Como o projecto era megalómano para a altura, aquilo que foi feito foi o prolongamento do já existente Hospital Roque Amador, prolongado para sul até á Rua das Flores, com entrada junto á Igreja. [ essas obras de prolongamento iniciaram-se em 1605 mas só foram concluídas em 1689].  
Os fundos para esta construção foram doados por D. Lopo de Almeida, daí o Hospital ter passado a designar-se Hospital D. Lopo de Almeida.
Gerido pela Santa Casa da Misericórdia do Porto.

A nossa visita começou no Salão Nobre do Hospital onde se podem observar as imponentes pinturas retratistas dos benfeitores deste projecto.


Mas poderia haver Hospital sob gestão da Misericórdia sem Santo Padroeiro, sobretudo no caso de um Hospital que até tem nome do Santo?!
E no átrio interior do Hospital encontra-se uma capela com uma história interessante, pois, quando o Hospital foi todo renovado nos anos 90 a capela foi integralmente demolida e posteriormente reconstruída tal como hoje se encontra.




Depois deste percurso histórico pelo interior deste centro hospitalar entra-se finalmente na Botica!
A "Sala de Público" manteve a sua traça oitocentista, apresentando um raro conjunto de armários de botica. Em 1875 foi enaltecida por Pinho Leal como uma das primeiras de Portugal.
Testemunho histórico da arte e da cultura científica praticada neste lugar-chave da memória da cidade, o seu espólio remete-nos para um período de intensificação no fabrico interno de diversos preparados e produtos medicinais, refletindo as correntes terapêuticas da época.











A primitiva botica barroca do Hospital D. Lopo de Almeida foi deslocada para a frontaria central do edifício, desativada e transferida para o 1º piso da ala sul do corpo central deste Hospital, onde se conservou ilesa de reformas até 1857!
Com o Pharmaceutico Administrador Agostinho da Silva Vieira que esta Botica beneficiará de melhoramentos e obras de renovação que a tornarão digna e adequada ao progresso científico e técnico da época – uma pharmacia modelo – ou, segundo Pinho Leal, uma das primeiras de Portugal.
Deste modo, sob a sua direção e graças ao legado que chegou do Brasil de João Teixeira Guimarães, foi iniciada a reforma em agosto de 1857, a qual se prolongaria até 1860.







No nicho central e no corpo superior da estante está patente a iconografia farmacêutica esculpida em madeira em alto-relevo, alternando com relevos de motivos vegetalistas. Rematam superiormente a armação sete plintos com bustos em gesso, pintados a preto, de seis personalidades ligadas às ciências médicas, farmacêuticas e botânicas –Linnee; Hilaire; Fourcroy; Parmentier; Broussais; e Vauquelin – e do deus greco-romano da Medicina, Esculápio.
 
Prosseguimos para a Farmácia de Oficina do Hospital Joaquim Urbano
O curso do Hospital Joaquim Urbano é indissociável dos progressos registados no domínio do tratamento e investigação das doenças infeciosas. Estabelecido em 1884 como hospital provisório para coléricos no lugar de Guelas de Pau, na então freguesia do Bonfim, o seu trajeto foi entrecruzado por notáveis personalidades médicas dedicadas às questões da saúde pública.



Na Farmácia do hospital eram manipuladas múltiplas drogas com produção de diferentes formas farmacêuticas, de acordo com a Farmacopeia e formulários em vigor. Eram destinadas especialmente ao tratamento de sucessivas catástrofes epidémicas.
Este espaço apresenta-se como testemunho de técnicas e progressos na produção medicamentosa registados como formas de tratamento hospitalar.
Esta é sem dúvida uma visita que vale a pena fazer para conhecer um pouco da história da evolução das técnicas e instrumentos que têm sido utilizados na área da saúde.
Este museu aceita visitas de pequenos grupos (até 15 pessoas)! Claro está que como este grupo da maltaromática que fez a visita é enormeeeeee tivemos de nos dividir em dois grupos, mas foi bastante interessante e a nossa guia - Drª. Sónia Faria -  foi extraordinariamente simpática e profissional pois, teve de repetir a dose!
 


 
 

 
 

2 comentários:

  1. Parabéns pela narrativa completíssima a um dos sitios mais emblemáticos da cidade, onde nasci. O meu muito obrigado à Mª João, companheira nesta interessante visita guiada ao Hospital de Sto António, e em tantas outras visitas já realizadas e futuras, na certeza que tudo fica mais valorizada com apontamentos tão pormenorizados e tanto nos enriquecem.

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    1. Meu bom amigo Carlos sempre com uma palavra de apreço e estímulo. Ainda bem que organizas sempre boas visitas, fico à espera da próxima para alimentar o blog. Beijinho. Maria João coelho

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