quinta-feira, 20 de julho de 2017

Casa Museu Guerra Junqueiro: a visita ao Poeta que dá nome à nossa rua!

Benditas sois vós, almas que est'alma adora, Almas cheias de paz, humildade e alegria,
Para quem a consciência é o sol de toda a hora,
Para quem a virtude é o pão de cada dia! 

 Guerra Junqueiro in "A Velhice do Padre Eterno"

Quis a sorte que a nossa casa ficasse na Rua Guerra Junqueiro. Vivemos portanto na rua do Poeta e escritor. Logo, impõe-se que a nossa filha conheça a importância deste autor uma vez que a toponímia  assegura a preservação da memória e identidade cultural das gentes, perpetuando nomes, factos e eventos, dando-nos a conhecer a evolução histórica dos lugares e respetivas populações, além de facilitar a localização geográfica. Aproveitando o facto de terem regressado as entradas grátis nos Museus e monumentos nacionais aos Domingos de manhã. Optámos este Domingo por conhecer em família a Casa-Museu Guerra Junqueiro.















Reabriu em Março passado depois de obras de requalificação e é a primeira intervenção concluída no âmbito da candidatura submetida pela Câmara do Porto ao programa Norte 2020 e que compreende a requalificação de outras estruturas da cidade integradas na Rede Portuguesa de Museus. Assim, a Casa-Museu Guerra Junqueiro é hoje um equipamento requalificado, com espaços e serviços modernizados.
Fachada Principal da Casa-Museu, edifício de Nicolau Nasoni
Antiga casa-nobre, mandada construir entre 1730 e 1746, pelo Cónego da Sé do Porto Dr. Domingos Barbosa ao Arquitecto Nicolau Nasoni. Este edifício foi durante a primeira metade do século XX  adquirido por Maria Isabel Guerra Junqueiro, filha do escritor, para aqui instalar as coleções do pai, o celebrado Poeta Abílio Manuel Guerra Junqueiro e doada pela mesma à Câmara Municipal do Porto.
 
 

Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em nasceu em Freixo de Espada à Cinta a 17 de setembro de 1850. Fez os estudos preparatórios no Liceu de Bragança e frequentou o curso de Teologia da Universidade de Coimbra durante dois anos mas concluiu foi o curso de Direito. Foi um dos escritores e poetas mais controversos, mas também dos mais admirados pelos autores seus contemporâneos.
 
A professora Helena Rocha Pereira, disse: "Entre os grandes poetas que brilharam na segunda metade do nosso século XIX, nenhum provocou mais desencontradas críticas à volta da sua obra do que Guerra Junqueiro". Guerra Junqueiro teve um papel extremamente importante no cenário cultural de Portugal. Foi classificado o "Victor Hugo português" devido à sua importância e foi considerado, por muitos, o maior poeta social português do século XIX.

Recebeu o reconhecimento de escritores contemporâneos importantes, como Eça de Queirós, que o considerou "o grande poeta da Península", como Sampaio Bruno, que viu nele o maior poeta da contemporaneidade, e como Teixeira de Pascoais, que o classificou "um poeta genial". Fernando Pessoa também manifestou a sua admiração por Guerra Junqueiro, classificando Pátria uma obra "superior aos Lusíadas". Da mesma forma, Miguel de Unamuno, escritor espanhol, também considerou-o "um dos maiores poetas do mundo.


Esta Casa-Museu tem o duplo objectivo de celebrar a memória de Guerra Junqueiro, enquanto escritor e coleccionador. Do seu espólio faz parte um conjunto notável de esculturas, cerâmicas, tapeçarias, peças de mobiliário e ourivesaria.        
A B. adorou ver as fotos da família e sobretudo o modo como se vestiam naquela época. Apreciou muitos dos objectos e móveis e fartou-se de me questionar porque ainda não tinha lido nada de Guerra Junqueiro. Ora, como pode uma criança de 11 anos ler um escritor tão crítico e com uma visão tão realista do seu tempo, do seu povo....
A sua obra poética aborda temas sociais que refletem o panorama da sociedade portuguesa dos finais do século XIX e do início do século XX. O anticlericalismo e o ataque à burguesia corrupta são temas marcantes da obra de Guerra Junqueiro, que apresenta um profundo descontentamento com a decadência de Portugal e com postura do rei Dom Carlos e de toda a dinastia Bragança face ao destino do país. Considerava que Portugal estava entregue a uma monarquia que indiferente ao desenvolvimento do país, e desprovida de moral, porquanto entregue aos interesses ingleses. Junqueiro considerava, portanto, que o país havia entrado numa decadência moral e que só poderia se reerguer quando conseguisse redefinir a sua própria identidade, através da revolução moral. Há que crescer para o ler e compreender devidamente.


 
Bela forma de descobrir Guerra Junqueiro! Um dia a B. descobrirá na biblioteca lá de casa alguns dos seus livros e irá lê-los certamente!
 

 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário