segunda-feira, 31 de julho de 2017

Andar literalmente no Ar - ponte pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira na Covilhã!


Se os filhos de Adão pecaram os da Covilhã sempre cardaram!
       Ditado Popular

Começa já a ser uma tradição passarmos um fim-de-semana no Verão na Covilhã. Este ano não fugimos à regra e optamos por passar o último fim-de-semana de julho na cidade mais alta do País (700 m. de altitude) e também das mais quentes!
Continuamos a descobrir locais surpreendentes nesta cidade que já foi de lanifícios e têxteis.
A Covilhã tem na sua indústria de lanifícios uma das suas principais referências. Esta indústria iniciou-se na região ainda no tempo do rei D. Sancho I, foi desenvolvida pela comunidade judaica, tendo ganho um novo impulso em 1763 sob a acção de Marquês de Pombal que aqui fundou a Real Fábrica de Panos, tornando-se o maior centro de produção de lanifícios de todo o país.
Desta vez quisemos fazer um percurso pedonal diferente e atravessamos a Ponte Pedonal sobre a ribeira da Carpinteira.
 Esta ponte da autoria do arquitecto Carrilho da Graça foi inaugurada em 2009 e é um projecto bem interessante pois, permite ligar um vale de 225 metros com uma altura no pontocentral de 60 metros. Devido ao piso acidentado a ideia era ligar o bairro dos Penedos altos ao jardim público.

 A expansão e desenvolvimento da industriados lanifícios teve um enorme impacto na Covilhã, mesmo ao nível da organização da cidade a qual cresceu na direcção do festo Norte da Carpinteira, oposto ao da cidade, onde nas décadas de 30 e 40 do século XX se construiu o bairro operário dos Penedos Altos para alojar a mão-de-obra da então denominada “cidade-fábrica”. A expansão da cidade para lá dos vales veio acentuar a percepção da sua topografia, e o posterior declínio da indústria alimentada pelos cursos de água, com o consequente abandono do seu lugar e das suas infra-estruturas, voltou a remeter, com um efeito paroxístico, os vales da Goldra e da Carpinteira à condição de acidentes orográficos à volta dos quais a cidade entretanto crescera.
Começámos pelo lado do bairro dos penedos altos a nossa travessia da ponte. Uma ponte de desenho minimalista mas muito elegante. O exterior é em aço branco e o interior é todo em madeira.



Atravessamos a ponte lentamente para apreciarmos demoradamente a paisagem. Num primeiro plano temos o casario da cidade na sua diversidade depois surge a serra. A estrela é imponente e parece emoldurada de verde nesta altura do ano. Do outro lado do vale estende-se a cova da beira. Neste percurso temos 220 metros de varanda para explorar as várias perspectivas de um postal que nos mostra a beleza e um pouco da história deste lugar que se soube transformar ao longo dos tempos. Os dois pilares circulares em que assenta a ponte parecem espirais a serpentear o tempo e o tabuleiro ondulante a ziguezaguear o vale conduz-nos numa viagem às memórias destas gentes. Parece que deslizamos ao longo do vale...A manhã estava quente e a experiência para quem como eu tem vertigens é um pouco perturbante, mas a intensidade do horizonte e a vontade de captar os vários momentos fizeram com que a travessia se fizesse rapidamente.

No final do tabuleiro surgem os elevadores. São dois e erguem-nos até ao jardim público sempre com vista panorâmica.

Esta experiência sensorial e euclediana impõe-se e torna mais do que justa a nomeação que a revista Travel+ leisure lhe atribuiu em 2011 de uma das sete maravilhas de design. De facto esta ponte é efectivamente um projecto de design bem interessante.

Foi uma experiência em família e garanto que todos apreciaram esta aventura a 60 metros do solo, curva contracurva....

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