terça-feira, 1 de agosto de 2017

Papas e Pêssegos, festas genuínas na Covilhã!

Cada terra tem seu uso, cada roca tem seu fuso.
        Provérbio popular
É bem verdade que o povo tem quase sempre razão. Em cada terra há usos e costumes e crenças muito próprias.
Da mesma forma existem aspectos linguísticos relevantes, festas e romarias populares, tradições e em particular superstições que persistem nas vivências de uma parte significativa dos habitantes.
Na Beira Baixa destaca-se a simplicidade e sempre presente uma grande proximidade ao elemento terra que durante séculos foi o centro de atenções, vida e sustento do Beirão.
Quis a sorte brindar-nos com duas festas durante a nossa escapadinha à Covilhã. Na manhã de sábado estivemos na festa do pêssego.  


Fachada do mercado municipal da Covilhã
















No âmbito da requalificação do Mercado Municipal, a Câmara Municipal da Covilhã organizou um evento promocional do pêssego, produto local que tem um grande impacto na economia."Com o Mercado do Pêssego, a Câmara Municipal da Covilhã pretende juntar passado, presente e futuro num evento inédito, atrativo e descontraído para o qual convidamos todos os que se queiram associar a esta celebração do renovado Mercado Municipal e do Pêssego da Covilhã”, afirmou o autarca da edilidade na abertura desta festa.
            
       Logo à entrada do mercado encontrava-se um grupo a animar o espaço com música e se dúvidas houvesse que estávamos no festival do pêssego, a quantidade e diversidade deste produto que em todas as bancas existia atestava por si só os objectivos do evento.


Claro que também comprámos pêssegos, mas foi difícil escolher pareciam todos deliciosos e se não estivéssemos tão longe de casa teríamos comprado muitos mais... para além dos produtores havia um espaço gastronómico inteiramente dedicado ao pêssego. Desde doce, compotas, bolos, folhados, mousses e outras sobremesas, havia de tudo um pouco a fazer lembrar como os beirões são bons garfos mas igualmente bons mestres de cozinha e muito criativos. De aspecto tudo nos parecia apetecível e tentador, mas tínhamos acabado de tomar um requintado pequeno-almoço no hotel, e não havia espaço nem para uma sangria sequer.






Não abalámos do mercado sem comprar um molho de Xerovias.
A Xerovia é uma raiz que se cultiva nesta zona do país, e tem a forma de uma cenoura e a cor do nabo. O seu sabor é uma mistura de ambos os legumes, mas mais acentuado e até adocicado. É um sabor único e extremamente agradável, podendo ser servido como entrada ou como acompanhamento de um prato de peixe.
E, uma vez que começámos o dia na festa do pêssego terminámos na festa das papas em Boidobra!

Mascote da Festa das Papas de Carolo
Desde que aqui chegámos que vimos vários cartazes a anunciar a 9ª festa das Papas! E mesmo sendo beirã confesso que nem imaginava que tipo de papas seriam, e claro, não quis ficar intrigada. No fim de jantar lá metemos no GPS Boidobra e fomos direitinhos ao parque das merendas onde a mascote da festa, como boa anfitriã nos recebia.   
É o Rancho Folclórico da Boidobra que tema cargo a organização e tem o objetivo de promover e divulgar as papas de carolo de milho, “a iguaria tradicional das beiras”.
 
Falámos com uma simpática senhora que nos explicou tudinho e fizemos as coisas "como manda a sapatilha", fomos para a fila de pré-pagamento pagámos as tacinhas e respectivo conteúdo e uma caneca para bebermos a sidra, ou não estivéssemos em terras da famosa maçã da Cova da Beira. Depois fomos "abastecermos"....hummmmm!

 






Tal como nós, muitas pessoas desconhecem a aparência, o sabor e a textura deste magnífico doce, e aproveitam a Festa das Papas para conhecer.
Nós ficámos rendidos!
À falta de arroz, e com abundância de milho, os beirões desenvolveram as papas de carolo. Trata-se de um doce semelhante ao arroz doce mas feito com o carolo de milho – uma espécie de farinha de milho com uma moagem mais grosseira.
O sabor é muito agradável e fez-me lembrar leite-creme, apenas a textura é um pouco diferente. Valeu a pena a aposta. E demorámo-nos um pouco mais pelo recinto a escutar um grupo que parecia a Brigada Vítor Jara! Foi um dia rico em experiências sensoriais e a B. ficou a conhecer mais um pouco da cultura beirã.

 

 

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