terça-feira, 18 de julho de 2017

Piratas à vista, no forte de Leça da Palmeira

Pertenço a uma geração que cresceu com o Sandokan e com as aventuras de Piratas nas Caraíbas. Quando era miúda adorava brincar aos piratas e fazia assaltos a fortes! O que é certo é que esse imaginário faz parte da história, pois, desde a antiguidade que houve pirataria nos mares.
Um pouco a lembrar esses tempos, a Câmara Municipal de Matosinhos desde há uns anos a esta parte que organiza um evento chamado "Os Piratas". Foi no fim-de-semana de 7a 9 deste mês e nós estivemos lá!

Ainda que a pirataria exista desde a antiguidade, atingiu a sua Época de Ouro entre os séculos XV e XVIII. Os piratas actuavam à margem da lei e muitas vezes atacavam os navios do seu próprio país.
O Corso, isto é, a pirataria autorizada por um Estado atingiu o apogeu nos séculos XVI e XVII. Foi até ao século XIX uma forma dos estados possuírem uma "marinha de guerra" sem custos, concedendo o direito a particulares de se apossarem dos navios e saquearem as povoações dos seus inimigos. O corso desde o século XIV que estava regulamentado em muitos reinos europeus, como Portugal.

Desde o reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal que temos conhecimento dos primeiros piratas e corsários portugueses. O mais célebre de todos foi Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim, mais conhecido por D. Fuas Roupinho. Comandava uma frota que atacava os navios de muçulmanos, nomeadamente os sediados em Ceuta, tendo morrido num combate ao largo da costa algarvia.
No início do século  XV organizam-se em Portugal de modo sistemático as actividades de corso. Em 1317, o rei D. Dinis, contrata o genovês Manuel Pessanha para actuar nas costas de Portugal, em particular no Alentejo e Algarve. Pessanha ensina os portugueses a atacarem navios inimigos utilizando galés, os navios a remos que eram utilizados no Mediterrâneo. No século seguinte, os portugueses passam a usar barcos à vela com canhões, uma enorme inovação tecnológica. Nessa altura, os portugueses eram já considerados os maiores piratas e corsários da cristandade. A actividade era extremamente lucrativa, à qual se dedicava a nobreza e a família real. Era uma actividade considerada nobre e honrada, sobretudo quando dirigida contra infiéis. O Infante D. Henrique, por exemplo, tinha navios no saque. A conquista de Ceuta, em 1415, a que se seguiu outras cidades como Alcácer Seguer (1458), Arzila ou Safim, permitiu aos portugueses não apenas controlar o Estreito de Gibraltar, mas também criar no Norte de África um poderoso centro para a pirataria e o corso. Ceuta só foi abandonada em 1640 pelos portugueses, quando perante a guerra com a Espanha se tornou inviável manter esta praça armada. 
Em Matosinhos ficou famoso o pirata Sá das Galés e a actual praia da Memória era outrora conhecida como Praia dos Piratas. A recriação histórica "Os Piratas" é feita junto ao forte de Nossa Senhora das Neves, em Leça da Palmeira e evoca uma parte da nossa história, procurando recriar o ambiente que se vivia no tempo em que os piratas se passeavam por Matosinhos.
O Forte Nossa Senhora das Neves, é também denominado como Forte de Leça da Palmeira ou Castelo de Matosinhos. A sua construção iniciou-se sob a Dinastia Filipina, em 1638 ou 1639, por determinação de D. João Rodrigues Sá e Menezes, 1º Conde de Penaguião, no local de Santa Catarina, visando a defesa daquele porto contra as ameaças de piratas e corsários.


Durante estes dias todos fomos um pouco crianças e corsários. Ouviam-se músicas e cantos de piratas desembarcados. Viam-se corsários e  e Patrulhas da Guarnição Real.

Em cada canto eramos surpreendidos por vendedores com fatos da época e todo o espaço estava decorado como se na realidade tivéssemos recuado aos tempos de ourodos Piratas.


Nós não perdemos a oportunidade de assistir aos mais variados espetáculos. Dos mais interessantes destacamos a peça de Teatro Ubaldina e Agapito e o Assalto ao forte por um bando de piratas infiltrados.

 
 



Enquanto num dos palcos decorriam as danças e cânticos dos mares, pelo recinto desfilavam as rameiras e preparava-se o grandioso baile de Máscaras em honra da filha do Capitão Donatário.





Foi um sábado bem passado e gostámos de vestir este espírito da pirataria. Provámos sangria azul e degustámos uma agradável cerveja artesanal.
Um voto de Parabéns à organização sobretudo pelos figurinos.




 
 

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