domingo, 11 de junho de 2017

Antonio Fragoso, o compositor português que fomos conhecer na Agitar!

Onde há música não pode haver coisa má. 
     Cervantes


Cervantes é assertivo! A música é algo de sublime e onde ela existe as pessoas sentem-se bem e por isso, são certamente melhores.
Aqui em casa, a música é uma constante. Ouve-se com frequência e toca-se com paixão . Eu, infelizmente sou o elemento da família que não a produz. Sou o auditório de pai e filha. O seu fiel público e apoiante incondicional. Os dois tocam piano. A B.  começou a aprender há 3 anos no colégio, mas os seus progressos ocorrem desde que a mudámos para a Academia Pedro Sousa, graças à sua incansável professora Sara Mendes.
Se vos faço esta introdução é para melhor compreenderem como chegámos a António Fragoso. É que tivemos uma bela oportunidade de o conhecer melhor e de ouvirmos a sua música pela mão da professora Sara.
Na sua jovial e profissional dinâmica esta professora não confina a sua relação com os alunos à sala de aula. Sempre que pode tenta envolver os seus alunos neste mundo sublime da música das mais diversas formas.
Foi assim, que na última sexta-feira, aceitando o seu convite fomos à Agitar - Universidade sénior do Porto, ouvir três peças musicais do século XVIII da autoria de António Fragoso.
Bem, deixemos António Fragoso para daqui a pouco e falemos da Agitar.
 De acordo com o site a "Agitar é uma instituição sem fins lucrativos que desenvolve atividades recreativas, culturais e educativas, com especial incidência na população sénior. Iniciaram este projecto em 2010. O objetivo foi criar um espaço de diversão, de cultura e de acompanhamento aos seniores. "
Cascata da Agitar em concurso
Ora, num país em que há um elevado número de séniores e em que temos uma das populações mais envelhecidas da europa, este projeto parece bem extraordinário e sensato. Se estiverem interessados em saber mais sobre a Agitar é só seguirem o link http://www.agitar.pt/
Aproveito para vos dizer que o plano de actividades inclui uma série de iniciativas abertas à comunidade e bem na moda, tais como, aulas de yoga, reiki, pilartes...
 Foi no âmbito da sua semana ConVive -  Projeto de intervenção social em parceria com a Licenciatura de Educação Social da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. Com o objectivo de disseminar informação entre a população em geral e em particular junto da população sénior, sobre as possibilidades de promoção de uma vida ativa e autónoma, através da construção de projetos pessoais de vida.


 Em 2017 o ConVive ocorreu nos dias 29, 30, 31 maio, 1 e 2 junho. E contou com workshops, seminários, etc., a ocorrer gratuitamente no Porto.
E foi precisamente a encerrar o programa que tivemos a possibilidade de conhecer António Fragoso.
Mas quem foi este compositor português? ??
António de Lima Fragoso, natural da Pocariça, Cantanhede, nasceu em 1897. Há precisamente 120 anos. Foi um amante da música e contrariando a tradição familiar decidiu muito jovem estudar  música, piano. Primeiro com Ernesto Maia, depois com Luís Freitas  Branco. Ingressou no conservatório de Lisboa onde concluiu os estudos com nota máxima.





Compôs mais de cem composições, obras corais, para piano e de câmara. Foi muito influenciado pela música de Debussy e Ravel.
Há cerca de 8 anos, os seus sobrinhos e sobrinhos-netos uniram-se e criaram a Associação António Fragoso para dar a conhecer a vida e obra deste compositor conimbricense.
Em 2014 a Associação doou todo o espólio de Fragoso à Universidade de Coimbra.
Aos quinze anos entrou finalmente no Conservatório de Música de Lisboa e, em apenas quatro anos, concluiu o Curso Superior de Piano com a nota máxima, 20 valores. Ao mesmo tempo que estudava... compunha e deixou-nos composições musicais que perduram no tempo e parecem ter um extraordinário vigor - e é muito graticante verificar que grande parte dos seus actuais intérpretes são jovens, que se apaixonaram pela sua música.


Em 2008 realizou-se um congresso sobre António Fragoso do qual resultou um livro e um CD.
A originalidade deste compositor que eu acho admirável é o facto de a sua composição datar de 1915 (para facilitar...) e ser terrivelmente «clássica». É, aliás, por essa razão que há vários estudiosos da sua música que não não lhe reconhecem influências de Debussy.
Dito de outro modo, o início do século XX que ele viveu é o tempo da segunda Escola de Viena, que, sob a orientação de Schoenberg, transformou a música por completo.
E Mahler, o suposto iniciador da «música contemporânea», já tinha morrido. Em suma, é um tempo de profunda revolução na música europeia. Pois, nesta altura Fragoso muito jovem compõe prelúdios modernistas de romantismo tardio. 
 Porque era um músico, um artista, e o que tinha de soltar do profundo de si era intemporal.


Ora, a jovem professora Sara Mendes que pelos vistos, também se apaixonou pela música deste jovem génio, trouxe-nos esta bela descoberta e para além de ficarmos a conhecer a sua vida e uma parte da sua obra, tivemos a sorte de ouvir, eximiamente interpretadas pelas mãos da sua aluna Ana Miguel, a Aria das «3 peças do século XVIII».


Que belo e melodioso final de tarde! 
A obra deixada por António Fragoso, falecido aos 21 anos, em 1917, vítima da pneumónica, "é muito refrescante, tanto mais que impressionistas em Portugal, naquela época, contam-se pelos dedos, e o impressionismo chegou muito tarde [ao país]" segundo responsável pela Associação António Fragoso.  Concordamos! É notável um jovem ter composto tão boa música, e agrada-me sobremaneira saber que é português! Mais uma bela descoberta-










2 comentários:

  1. Cara MJ,
    Muito obrigada pela referência que faz à Agitar no seu texto.
    De facto a Agitar é uma aventura social que dura já há 7 anos. E que feliz aventura!
    Aproveito para convidar todos a estarem presentes na nossa festa de aniversário, no próximo dia 28 de junho, a partir das 17 horas.

    Um abraço e até breve.
    Ana Pinheiro e Júlia Sousa - Associação Agitar Universidade Sénior do Porto

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    1. Parabéns por essa feliz aventura. Faço votos que a Agitar continue a desenvolver bons projetos em prol dos seniores e menos seniores. Parabéns! Vou continuar atenta às vossas iniciativas.

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