segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

E o Porto finalmente rendeu-se (redimiu-se) a Amadeo Souza Cardoso!

"A descoberta do caminho marítimo para a Índia é menos importante do que a exposição de Amadeo de Souza Cardoso na Liga Naval de Lisboa".
Almada Negreiros, Manifesto de apoio à exposição de Amadeo em 1916
Precisamente há 100 anos, Amadeo organizou e fez a sua primeira e única exposição no Porto, no Salão de festas do Jardim Passos Manuel.
Amadeo tinha regressado da europa como artista consagrado e tinha já exposto em Paris, Berlim e outras importantes cidades. Porém, quando fez a sua exposição em Novembro de 1916, num dos mais emblemáticos locais da cidade, pouso habitual da burguesia portuense, não teve a reacção esperada. Pelo contrário, a sua exposição tornou-se polémica, foi mal acolhida e diz-se que houve até quem " cuspisse" nas obras. Facto histórico comprovado e assegurado por uma das curadoras da actual exposição, Marta Soares, foi a agressão ao jovem pintor!!!! Estranho?!
Porque não foi a exposição bem recebida!? Como é que o abstracionismo não foi no Porto bem acolhido? E como se justificam as multidões de visitantes???? Amadeo escreveu ao crítico de arte nova-iorquino Walter Pach a dizer que mais de 30.000 pessoas viram a exposição! Um feito....
100 anos depois, das 114 obras da exposição de 1916, estão 81 expostas no museu Soares dos Reis.

Contrariamente ao que acontece na exposição de MIRÓ em Serralves, nesta recriação da exposição de Amadeo, não se podem tirar fotos! Felizmente! Mas conseguem-se alguns apontamentos fotograficos para ilustrar o post!

Mas, se a primeira exposição de um modernista no Porto não teve a devida receptividade pela camada intelectual da invicta, o mesmo não se pode dizer da imprensa da época.
E quando Amadeo tomou a decisão de repetir em Lisboa a exposição, ganhou a atenção do movimento Orpheu, cativou a imprensa e foi melhor acolhida, grangeando a atenção e admiração de Almada Negreiros.
Nessa altura, só vendeu um quadro em Lisboa! Agora não pode ser vendido nenhum, pois, são todos já pertença de colecções privadas. Mas, finalmente o Porto tem a sua oportunidade de se render a este grande pintor amarantino e à vivacidade das suas cores! Há quem defenda que foi precisamente a cor, no seu excesso e vivacidade que não foi compreendida naquela altura. Demasiado vanguardista?!


Esta recriação está a ser um sucesso! A homenagem devida a Amadeo no seu centenário. Parabéns às comissárias Raquel Henriques da Silva e Marta Soares. Parabéns ao povo anónimo que presta esta homenagem a um grande pintor!



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