domingo, 8 de janeiro de 2017

Da passagem de ano e da neve: a travessia da amizade!

"Para um amigo tenho sempre um relógio 
Esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-iris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
António Ramos Rosa in " viagem através de uma nebulosa".
O meu primeiro post de 2017 é precisamente sobre a passagem de ano. Esse ritual tão celebrado e que no nosso calendário gregoriano ocorre há  meia noite do dia 31 de dezembro de cada ano. É um momento importante que deve ser festejado pois, representa a mudança, o renascimento, o recomeço de um novo ano com todos os desejos e oportunidades em aberto.

Esta passagem de um ano para outro tem estado nos últimos 11 anos carregada de rituais e tradições construidas entre amigos. Amigos unidos há muito tempo. Daqueles com quem contamos para a vida inteira e com quem já partilhamos alegrias e dores quase infinitas... São a nossa segunda pele, os que nos foram acompanhando nas nossas mudanças. Juntos crescemos profissionalmente, brindamos com o nascimento dos filhos, apoiamo-nos nos trajectos académicos, ajudamo-nos nas mudanças de casas e sofremos com as dores de cada um. São aqueles amigos com quem rimos e choramos por nós, pelos filhos, pela família...Desde há 11 anos que nos juntamos por esta altura, para o ritual da passagem de ano.
Desta vez estivemos na zona de La Covatilla.
Escolhemos uma casa de turismo rural bem a propósito. .."la escuela"
Num pequeno pueblo com cerca de uma centena de habitantes, Valdesangil, esta casa foi até ao início do séc XX a escola primária onde durante o regime de Franco, os rapazes da aldeia estudavam,
Houve oportunidade para uma visita nocturna a Bejar a encantadora cidade entre muralhas dos Homens de musgo, que a conquistaram aos muçulmanos.
Mas o grande momento estava a chegar. Passar o réveillon em Espanha traz-nos uma dupla festa. Os mais novos comemoram duas passagens de ano de uma rajada. Há meia-noite deles é hábito irem para a rua bater tachos e gritar....depois vem o momento alto, as nossas 12 badaladas no fuso português, com direito a brinde de champanhe, às 12 passas da praxe com respectivos desejos, aos beijos e abraços entre todos...eheheheh é uma alegria contagiante...pulamos, cantamos, bebemos e acima de tudo desejamos sempre um bom ano para todos.
Este ano tínhamos festa mesmo à porta, no café ao virar da esquina que era uma espécie de associação cultural e recreativa desta povoação, de gente simples e simpática que nos acolheu calorosamente...

E assim entrámos em 2017. Em clima de festa com os amigos que queremos manter por perto ao longo de mais um ano. E no primeiro dia deste novo ano tivemos a brancura da neve, a luminosidade solar, as brincadeiras em plena natureza...para que o ano seja de paz, tranquilidade e harmonia. E se as superstições e as tradições nos fazem acreditar que tudo irá correr bem, cá para nós que ninguém nos ouve, posso dizer-vos que para mim a melhor tradição é esperar novamente por esta festa....lá para Outubro começo a " melgar" esta malta com o sítio, a escolha da região, depois são as buscas de casas, os emails e os telefonemas....e já em dezembro vem o menu, a partilha das sobremesas, os preparativos finais...e é esta tradição que torna tão especiais estas passagens de ano, a celebração da Amizade! É este um dos meus desejos das minhas 12 passas, mas xhiuuuu... segredo!!!!





Sem comentários:

Enviar um comentário