quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

De Montemuro ao Douro: o primeiro passeio do novo ano!

" Do pinhão,  que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha- mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros...de permeio desabrocharam cardos...Vieram os lobos, os javalis, os zagais com os gados, a infinita criação rusticana."
Aquilino Ribeiro, A casa grande de Romarigaes.

Tarde de sol espojado nesta serra, ora agreste e rochosa, ora de recantos verdejantes com cascatas de água a galgar terra. Estamos nas terras de demo! Aquilino soube amar estas terras. Faltam os lobos. Subimos e descemos a serra sem os ver...avistamos as belas vacas arouquenses, rebanhos e pastores com  seus cajados, duas mulheres com molhos de lenha à cabeça nas suas capuxinhas em burel. Está frio, é janeiro na serra.
Chegamos à Gralheira e espera-nos um bom repasto.
Entramos no Recanto dos Carvalhos. Um restaurante tipicamente beirão.
Depois do queijo da serra com mel e de uma chouriça bem assada, vem a sopa à antiga, sopa de legumes fumegante para aquecer, que o frio tolhia-nos o corpo....Em seguida a posta à recanto com umas tenras e saborosas batatas a murro e o javali em cama de castanhas.

Almoço tardio para saborear lentamente, cadência da conversa e dos brindes com propósitos para o novo ano.
A beira sabe receber e a sua gastronomia traz à mesa o melhor destas terras. Saímos com estômago bem aconchegado e a pedir passeio.

Descemos a Cinfães, não sem antes passarmos numa das cascatas do Bestança. Um quadro que a natureza nos quis oferecer...


 A pureza da água e a força da natureza com esta flora selvagem faz-nos lembrar o tormento telúrico da serra, como o descreveu Aquilino em Geografia Sentimental. É de uma assombrosa beleza ver as aldeias a pontearem a serra...
E em Cinfães temos mesmo de aceitar o frio, mas há que caminhar um pouco para digerir o banquete.eheheh


Quase ao crepúsculo já só deu para uma volta rápida pelo centro e uma espreitadela ao museu Serpa Pinto, o explorador de África que mostrou bem a raça deste povo bárbaro.
 Que pena no inverno os dias serem tão curtos....quando descemos ao Douro já o sol se tinha escondido, perdemos uma boa parte da beleza, mas ganhámos a vontade de voltarmos novamente...
Porque à  beira e ao Douro volta-se sempre. É preciso lembrar as raízes e espevitar o olhar por estas terras, não vão reaparecer os faunos ou os lobos!!!!


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