sábado, 11 de março de 2017

500 milhões de anos da história da luta contra a doença: uma manhã no museu da farmácia

"A cura está ligada ao tempo e às vezes também às circunstâncias."
   Hipócrates 
Não podíamos ser recebidos no foyer do edificio da ANF no Porto de melhor forma, a escultura de José Rodrigues abre-nos a curiosidade e aguça a vontade de percorrer os 500 mil anos da história da humanidade na luta contra a doença e alívio da dor.
Esta visita a um dos museus não tão conhecidos do Porto, ocorreu no âmbito de mais um evento organizado pelo Carlos Vieira para a maltaromatica, aquele grupo que nos últimos meses me tem proporcionado experiências bastante enriquecedoras. Esta não fugiu à regra!

Depois de alguns equívocos comunicacionais que obrigaram a um compasso de espera antes da entrada, lá teve início a viagem pela história universal da saúde.
O primeiro olhar fixa-se num enorme painel vermelho onde se começa a perceber que vamos viajar por diversos espaços e tempos num encontro intercultural e interdisciplinar que confluem nesta imensa história da farmacologia.
O Museu da Farmácia no Porto abriu em 2010 na zona industrial no interior do edificio da delegação norte da Associação Nacional de Farmácia e conta com mais de 17 000 objectos adquiridos a particulares e em leilões e que representam um enorme valor histórico, artístico, antropológico e científico.
Logo de seguida através de corredores de vitrines podem observar-se objectos fascinantes.




Espaço de cruzamento dos saberes das várias civilizações, permite-nos conhecer as mais diversas formas de lidar com a doença e a dor. Desde a magia e a mitologia da Mesopotâmia, Egipto e de África, à medicina  Grega e Romana, passando pela medicina oriental do Tibete, Japão e China e pelas civilizações Asteca e Inca entre outras, esta viagem cronológica revela culturas tão diferentes mas unidas no objectivo de lutar contra a doença.

Entre o valioso espólio há efectivamente alguns objectos curiosos e não deixei de reparar na farmácia portátil russa.
Este requintado exemplar da arte de fazer móveis russa é da autoria de Heinrich Gambs e é uma peça de finais do séc XVIII, altura em que era habitual transportar os fármacos até aos pacientes. Com o evoluir dos tempos e o aparecimento das farmácias passou a ser o contrário e as pessoas é que começaram a deslocar-se para obter os medicamentos.
E se há Farmácias com história, podemos aqui encontrar a jóia da coroa das farmácias portuenses bem reconstituída -a farmácia Estacio. Uma das farmácias de que se lembram alguns dos meus companheiros de visita. Farmácia inaugurada em 1924, situava-se na rua Sá da Bandeira e era famosa pela sua balança falante. Infelizmente a balança não consta na reconstituição, quiçá perdeu-se no fogo que nos anos 70 danificou grande parte desta bela farmácia.

E foi tão divertido estar neste espaço, até deu para brincar aos farmacêuticos....eheheh, mas sobre este assunto não avanço nem mais uma palavra por respeito à idoneidade dos envolvidos...eheheh! 
E se de um lado temos o melhor da farmácia portuguesa, do outros lado temos a farmácia islâmica que existia no séc XIX num Palácio de Damasco.

Todo o trabalho de restauro desta farmácia árabe esteve a cargo da Fundação Ricardo Espírito Santo. 
A farmácia nos palácios islâmicos era muito importante pois, servia não só os residentes como toda a população que morava próxima do palácio, e não havia Califa que não se orgulhasse de cumprir a cultura islâmica através da prestação de cuidados de saúde aos mais necessitados. 
Toda a farmácia é de uma beleza ímpar, mas o tecto original composto por uma peça central com miríades de espelhos que reflectem a luz em todas as direcções é de uma beleza rara. Rara e digna de uma bela foto, ainda que tirada em pose pouco ortodoxa.😉

Depois desta viagem histórica ficámos rendidos a este museu que vale bem uma visita e maior divulgação. 
Podem encontrar mais informações sobre o museu aqui http://www.museudafarmacia.pt/.
O espaço está bem organizado e dispensa a visita guiada, no entanto sugerimos melhoria na comunicação organizacional de modo a articular de modo mais eficaz a comunicação entre Lisboa e Porto. Nota 20 para os adminisyradores do grupo maltaromatica Carlos Vieira e Lia Ribeiro.

3 comentários:

  1. Muitos PBS o que eu faço por imagens, tu fazes por imagens....fantastica reportagem..
    Com certeza, uma bela manha na melhor companhia.
    Bjhs

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Belissimo complemento sobre a visita que a Maltaromática fez, deixando rendidos os seus visitantes. Agora rendo-me às palavras da Maria João, que tão bem descrevem o que se pode vivenciar neste espaço, que se pretende seja muito mais conhecido e divulgado. E sugiro a quem puder, uma visita ao outro Museu da Farmácia, em Lisboa, que vem complementar o Museu do Porto. Parabéns pela reportagem.

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