"Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de verão, está quente."
Vergilio Ferreira, Para Sempre
Vergilio Ferreira, Para Sempre
A feira do livro está já a terminar a sua primeira semana, pena. É a terceira vez que cá venho este ano. Gosto de livros, pronto! E felizmente que a feira se instalou no Palácio, julgo que este vai ser o seu espaço. E os livros merecem esta casa aberta, sem tecto e com paredes verdes.
Aquando da crise na Grécia houve uma história que me impressionou ( positivamente). Um homem de meia-idade tinha ficado primeiro sem emprego e depois sem casa. Tornou-se em mais um sem-abrigo. Um jornalista entrevistou-o porque ele estava rodeado de caixas, umas de cartão, outras de madeira e, perguntou-lhe se eram os seus haveres, ao que o homem respondeu: saí de casa com os meus tesouros, são os meus livros. Faz todo o sentido a frase de Vergilio " pensa com a grandeza que pode haver na humildade."
Sua escrita, do seu estilo na forma de carta, da densidade e das inquietações. Este é o ano do seu centenário e a APEL faz-lhe justa homenagem. A exposição é densa e minimalista, expõe a sua minúscula e quase ilegível caligrafia e deixa perceber a sua escrita em processo contínuo.
Tantos livros. E os livreiros e editores estão ca todos, os grandes e os pequenos sobreviventes. Os defuntos, as editoras desaparecidas, também estão , nos alfarrabistas.
Confesso que apetece subir no balão, mas está mesmo quente e não há tempo a desperdiçar. Continuo à procura de mais livros. Mas digo-vos que há por aqui umas bancas cheias de graça, quer dizer fazem-me rir por tanta tontaria. Imaginem que vi Fernando Pessoa ao lado de uma edição manhosa da Bíblia infantil. E Nietzsche colado a Enid Blyton !!!!! ! Nesta festa temos mesmo de fazer um picnic , tal como disse Ricoeur " O autor traz as palavras e o leitor o significado".
Agora junta-se o jazz na concha acústica. Sento-me .
Os livros também cansam. Mas, é mesmo assim, " estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. " ( vergilio Ferreira ).
Abençoados os escritores por nos fazerem sentir assim!
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