sábado, 10 de setembro de 2016

A festa do livro chegou ao Palácio de Cristal

"Para sempre. Aqui estou. É  uma tarde de verão,  está  quente."
    Vergilio  Ferreira,  Para Sempre

A feira do livro está  já  a terminar a sua  primeira semana, pena. É  a terceira vez que cá  venho este ano. Gosto  de livros, pronto! E  felizmente  que a feira se instalou no Palácio,  julgo que este vai ser o seu espaço.   E os livros merecem esta casa aberta, sem tecto e com paredes verdes.
Aquando  da crise na Grécia  houve uma história  que me impressionou ( positivamente). Um homem de meia-idade tinha ficado primeiro  sem emprego e depois sem casa. Tornou-se em mais um sem-abrigo. Um jornalista  entrevistou-o porque ele estava rodeado de caixas,  umas de cartão,  outras de madeira e, perguntou-lhe se eram os seus  haveres, ao que o homem respondeu: saí  de casa com os meus tesouros, são  os meus livros. Faz todo o sentido a frase de Vergilio  " pensa com a grandeza que pode haver na humildade." 
Embora  polémico  e um tanto esquecido,gosto de Vergilio.  Da  
Sua escrita, do seu estilo na forma de carta, da densidade e das inquietações.  Este é  o ano do seu centenário  e a APEL  faz-lhe justa homenagem. A exposição  é  densa e minimalista, expõe  a sua minúscula  e quase ilegível  caligrafia  e deixa perceber a sua escrita em processo contínuo. 
Tantos livros. E os livreiros e editores estão  ca todos, os grandes e os pequenos sobreviventes. Os defuntos,  as editoras desaparecidas, também  estão  , nos alfarrabistas. 
 Confesso  que apetece subir no balão,  mas  está  mesmo quente e não  há  tempo a desperdiçar.  Continuo à  procura  de mais livros. Mas digo-vos que há  por aqui umas bancas cheias de graça,  quer dizer fazem-me rir por tanta tontaria.  Imaginem que vi Fernando Pessoa ao lado de uma edição  manhosa da Bíblia  infantil. E Nietzsche  colado a Enid Blyton !!!!! !  Nesta  festa temos mesmo de fazer um  picnic  , tal como disse Ricoeur " O  autor  traz as palavras e o leitor o significado".

Agora junta-se o jazz na  concha acústica.  Sento-me .

 Os livros também  cansam. Mas, é  mesmo assim, " estamos  condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. " ( vergilio  Ferreira ). 
Abençoados  os  escritores por nos fazerem sentir assim!

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