O facto de não ter conseguido marcar férias atempadamente e de estar tudo esgotado também tem vantagens, o nossoo último passeio teve de ser escolhido em função da distância, para não nos afastarmos muito escolhemos o Gerês. Depois de Braga via Amares paramos em Santa Maria de Bouro. Mesmo antes da vila encontramos umas piscinas e um parque muito bem enquadrados na paisagem natural.
Em seguida um café na bela pousada de terras de Bouro, outrora convento de Santa Maria do Bouro, mas cuja designação na realidade devia ser Mosteiro, pois, quando ocupado por Ordens -Beneditina e Cisterciense - serviu sempre interesses contemplativos. Depois de abandonado foi vendido em hasta pública até que finalmente o projecto de Pousada chegou pelas mãos de Souto Moura.
Só Souto Moura e a sua fidelidade aos lugares e seus tracados históricos nos possibilitaria este ambiente tão tranquilo em que parece que recuamos no tempo.
Prosseguimos o nosso passeio pela Serra! E como disse Torga " Serra! E qualquer coisa dentro de mim se acalma...
Queria deixar o rasto da multidão, subir a Serra e adentrar a terra, ir na direcção do falcão. ..
ou dos cavalos selvagens, não importa....o que é certo é que consegui sentir exactamente o que o poeta disse:" deixo-me levar passivamente pelas rodas do carro, que percorre a serra em todas as direcções . Dou aos olhos plena liberdade sensorial. " ( Miguel Torga, Diário, vol. IX)
E entre o granito, as árvores, o cheiro a urze e o burburinho da água a correr nas fontes e nas cascatas, parece que mergulho numa paz sem fim...
Felizmente que este pedaço de perfeição verde escapou aos pirómanos, pelo menos este Verão respira-se a natureza em estado puro deste lado da Serra. Da Portela do Homem descemos a Lobios e aqui, tenho de discordar de Torga , não sinto nada a " espinha arrepiada quando piso a raia espanhola"...... e embora, considere que fomos abençoados no pedaço de terra que nos calhou e que o nosso Gerês vale muito mais que a Baixa Limia-parque do Xures, nostros hermanos são muito mais democratas e as águas termais não foram na sua totalidade transformadas em negócios, por isso o rio caldo continua a ser do povo, do espanhol e dos que quiserem lá mergulhar, porque as águas são realmente de todos.... e são quentes e depois da alma cheia o corpo também aprecia um banho curador, ou pelo menos reparador!
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