segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Do Gerês de Torga e sua grandeza

O facto de não ter conseguido marcar férias atempadamente e de estar tudo esgotado também tem vantagens,  o nossoo último passeio teve de ser escolhido  em função da distância,  para não  nos afastarmos muito escolhemos o Gerês.  Depois de Braga via Amares paramos em Santa Maria de Bouro. Mesmo antes da vila encontramos  umas piscinas e um parque muito bem enquadrados na paisagem natural.


 Em seguida  um café  na bela pousada de terras de Bouro,  outrora  convento de Santa Maria  do Bouro,  mas  cuja designação na realidade devia ser Mosteiro, pois, quando ocupado por Ordens -Beneditina  e  Cisterciense  - serviu sempre interesses contemplativos. Depois de abandonado foi vendido em hasta pública até  que finalmente o projecto de  Pousada chegou pelas mãos  de Souto Moura. 




Só  Souto Moura e a sua fidelidade aos lugares e seus tracados históricos nos possibilitaria este ambiente tão  tranquilo em que parece  que recuamos  no tempo. 
Prosseguimos o nosso passeio  pela Serra! E como disse Torga " Serra! E qualquer coisa dentro de mim se acalma...


Queria deixar o rasto da multidão,  subir a Serra  e adentrar a terra,  ir na direcção do  falcão. ..
ou dos cavalos selvagens, não  importa....o que é certo é que consegui  sentir exactamente o que o poeta disse:" deixo-me levar passivamente pelas rodas do carro, que percorre a serra em todas as direcções . Dou aos olhos  plena  liberdade  sensorial. " ( Miguel Torga, Diário,  vol. IX)

E entre o granito, as árvores,  o cheiro a urze e o burburinho  da água  a correr nas fontes e nas cascatas, parece que mergulho numa paz sem fim...

Felizmente que este pedaço de  perfeição  verde escapou  aos pirómanos,  pelo menos este Verão  respira-se a natureza em estado puro deste lado da Serra. Da Portela  do Homem descemos a Lobios e aqui, tenho de discordar de Torga , não  sinto nada a " espinha arrepiada quando piso a raia espanhola"...... e embora, considere que fomos abençoados  no pedaço  de terra que nos calhou e que o nosso Gerês  vale muito mais que a Baixa Limia-parque do Xures, nostros hermanos são  muito mais democratas e as águas  termais não  foram na sua totalidade transformadas em negócios,  por isso o rio caldo continua a ser do povo, do espanhol e dos que quiserem lá  mergulhar, porque as águas  são  realmente de todos....  e são quentes e depois da alma cheia o corpo também aprecia um banho curador, ou pelo menos reparador!


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