quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Um passeio obrigatório no Verão ou a tradição familiar da feira medieval de Cerveira!

Há hábitos que se criam em família sem motivo aparente mas que, sem darmos conta se tornam numa salutar tradição. A nossa presença em Vila Nova de Cerveira por altura da sua feira medieval é a representação dos passeios familiares de verão e a confirmação de uma quase tradição, já com uns três ou quatro anos. Foi o acaso num regresso da Galiza que nos colocou neste burgo medieval pelo qual nos apaixonamos. A B. Era pequena quando aqui passamos a primeira vez, e sempre achou imensa piada às recriações históricas, sobretudo se puder usar uma coroa de flores no cabelo e se vir espectáculos com aves de rapina e cavalos. O que é certo é que adoramos esta vila minhota e em cada vinda descobrimos sempre algo novo, por isso voltamos sempre por esta altura.

 Aqui respira-se a genuinidade do nosso povo e das nossas tradições  e parece mesmo que seguimos a "parábola do Cajueiro" do escritor  angolano Luandino Vieira, ou não fosse ele também habitante desta terra das artes, e em cada um dos nossos passos e achados conseguimos " descer no caminho da raiz à procura do princípio  (...) - ou- deixar o pensamento correr no fim, no fruto". Nestes instantes há efectivamente um fio que cruza o passado e o futuro.
Este  ano a festa da história misturou as artes e ofícios medievais com uma arte secular bem portuguesa: o crochet. E o burgo ficou ainda mais bonito e vaidoso.

 O  Cervo que nos recebe à entrada da Vila e que nos observa lá do alto do Monte  do Castro, embora seja uma escultura 
 de artista consagrado  ( José  Rodrigues ) rivaliza com estes mais  criativos feitos pela comunidade anónima  de artistas da terra que deitaram mãos  à obra,  ou aos fios, e acolheram este projecto de revitalizar esta  técnica  ( que agora até  virou moda) e concretizaram assim  o lema " o crochet  sai  à  rua". 
 Não há canto nem esquina, nem montra nem janela que não esteja tecida de coloridos pontos, dando mesmo a sensação que voltamos a outros tempos, os das gentes que conversavam e faziam rendas e crochet nos serões quentes às soleiras das portas.

Esta gente minhota não deixa créditos por mãos alheias.  Quando a feira medieval terminar ficam estas obras a lembrar como é importante conservar a herança cultural de um povo. A B.  e as outras crianças da geração dela vão certamente dar mais valor a estes saberes ( acreditamos) e hão-de encontrar na memória caminhos outros para ligarem o princípio e o fim....reiterando o mote do escritor ( Luandino Vieira )  "o fio da vida não  foi partido. . É assim o fio da vida. ". 
 "




Sem comentários:

Enviar um comentário